Os computadores que os seus alunos utilizam na escola encontram-se certamente ligados a um servidor local, ou seja, a um outro computador que faz a ligação entre os computadores das salas de aula e o mundo exterior. Este servidor pode estar localizado na sua escola ou num outro local, por exemplo, numa empresa que fornece esse serviço à escola.
Seja qual for a localização deste servidor, terá certamente um técnico ou uma equipa de informática cuja missão consiste em proteger o sistema e em mantê-lo seguro. Qualquer software que é instalado nesse servidor, qualquer sítio web ou qualquer pessoa que o acede são potenciais ameaças à sua segurança. Num mundo ideal os servidores não teriam contacto com outros computadores e não teriam utilizadores!
O pessoal da equipa de informática encontra-se programado para dizer “Não” a quase tudo. Terá de negociar. “Não! É uma questão de segurança.” É o seu mote. Perante esta reação os professores ficam convencidos de que qualquer que seja o pedido conduzirá a algo de mau para os seus alunos. No entanto, na maior parte das vezes, o que os peritos de informática querem dizer é que o pedido que lhes foi feito ameaça a segurança do computador e não a segurança dos utilizadores.
O tipo de coisas com as quais se preocupam tem a ver com: (1) vírus, worms, bots e phish; (2) o tráfico que poderá congestionar a largura de banda, fazendo com que o sistema quebre, como por exemplo o que aconteceria se uma grande quantidade de utilizadores fizesse o download de um filme ao mesmo tempo; (3) spam de correio eletrónico que enche o servidor ou comentários não moderados em sítios web; (4) pessoas sem permissões a entrar no sistema, acedendo ao servidor, evitando a firewall e carregando programas que podem causar problemas. Todas estas preocupações são pertinentes do ponto de vista informático, mas têm pouco a ver com a segurança do aluno, ou seja, o mais importante para si. Vejamos, por exemplo, o caso do Skype. Em muitas escolas, os responsáveis pelo parque informático não permitem que os professores descarreguem o Skype e também não procedem à sua instalação. É pena que esta situação se verifique pois o Skype é uma ótima ferramenta para ser utilizada na sala de aula. Dir-vos-ão que constitui um “risco na segurança”, o que o levará a pensar que os seus alunos estarão em risco. O que eles querem dizer é que o Skype utiliza uma porta no computador, tendo implicações na forma como o servidor se encontra configurado e como o firewall está instalado. Preocupa-os também o facto de todos os alunos em todas as escolas poderem vir a enviar mensagens de correio eletrónico ou conversar através do Skype o que iria pôr em causa todo o sistema.
Ao longo dos últimos anos tem-se vindo a realizar um debate sobre se a utilização do Skype implica riscos em termos de segurança, tendo-se concluído que tal não corresponde à verdade. Do ponto de vista do professor podemos afirmar que o Skype é completamente seguro. Numa escola primária haverá um endereço de Skype ou no máximo um por sala, sendo que quem o utiliza é o professor. As pessoas que fazem uma chamada no Skype têm de ser “aceites” antes de poderem fazer uma ligação ou de deixar uma mensagem, o que representa uma segurança acrescida para as próprias crianças.
Para além de desativarem determinadas aplicações, as equipas de informática também criam firewalls que distinguem entre sítios web que pode visitar e outros que são banidos por apresentarem conteúdo que poderá ser indesejável. Por vezes esta “decisão” é tomada automaticamente pela instalação ou pelo software, que deteta, por exemplo, imagens que possuem uma determinada percentagem de tons de pele, ou sítios web que contêm determinadas palavras. Por vezes a decisão é tomada pela equipa de informática cujo trabalho se desenvolve no sentido de permitir acesso ao menor número de sítios possível, adicionando posteriormente outros de acordo com os pedidos recebidos. Isto implica que os professores estejam prevenidos e levem consigo materiais em papel que possam fornecer aos alunos caso seja necessário.
Embora esta postura pretenda manter os alunos a “salvo”, acaba por trazer outros perigos, na medida em que impede as crianças de aprender ao bloquear o acesso a oportunidades de ensino e de aprendizagem inovadoras. Por outro lado, impede que as crianças fiquem a conhecer os perigos existentes. Imagine-se uma criança que nunca aprendeu a atravessar uma rua ter que, de repente, andar numa autoestrada ou mesmo tentar ensinar uma criança a nadar em terra para que não se afogue.
Aquilo a que os alunos podem ou não podem aceder depende, sem dúvida, do julgamento profissional do professor. Impedir que uma aula de artes funcione como planeado só porque a firewall não permitiu o acesso à Venus, de Botticelli, por esta estar despida, ou impedir que numa aula de ciências não seja possível visualizar imagens da barriga de uma mulher grávida são situações inaceitáveis, mas que infelizmente acontecem. Todos nós já ouvimos dizer: “Mesmo que exista apenas um pequeno risco não vale a pena arriscar!” No entanto a experiência tem demonstrado que o maior risco para a segurança das crianças é a ignorância, ou seja, não reconhecer o perigo, não saber como o evitar, não estar preparado para o enfrentar.
Então, se a ‘segurança’ diz respeito sobretudo aos sistemas de computadores, quais deverão ser, de facto, as preocupações do professor? Como referimos anteriormente dividimos a segurança em três áreas ‘Segurança’, ‘Privacidade’ e ‘Proteção’. Não encaramos esta divisão como uma clivagem técnica e haverá com certeza outros que não farão esta distinção, no entanto, a nós parece-nos útil.
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